Democracia e seus percalços

Estou no Conselho da IPSBC cuja marca denominacional é a do sistema representativo.

Aliás, a democracia representativa é um produto do presbiterianismo escocês de John Knox.

Tenho, contudo, observado o que os sociólogos das organizações têm discorrido: "As organizações têm vida própria"!

Exemplo dessa constatação já se encontra retratado desde 1911 na obra de Robert Michels em sua famosa "Regra de Ferro da Oligarquia":  "É  a organização [hierárquica] que confere o domínio dos eleitos sobre os eleitores, dos que têm mandato sobre os que lhe conferiram, dos delegados sobre os delegadores. Quem se refere à organização, se refere à oligarquia".

Michels relacionou a fonte dessas tendências oligárquicas à "natureza humana dos indivíduos, ...à natureza da luta política... e à natureza das organizações".

Como reagir a essa constatação? É Michels novamente dizendo que, a menos que estejamos alertas para as propensões intertemporais das organizações, nós seremos vitimados desnecessariamente por elas: "apenas uma análise serena e franca dos riscos oligárquicos da democracia nos permiterá minimizá-los".

De tudo isso, fica a dica da recalcitrância ou, ao menos, do cuidado quanto aos métodos humanos de agir.

Sendo a igreja uma organização eclesiástica, dirigida pelo seu Senhor (e não por nós mesmos), mas sendo dada a nós a responsabilidade do governo, sob um aspecto de delegação, tanto horizontal quanto vertical, o "não-cuidado" ex ante com as "consequências significativas não antecipadas", em especial as propensões burocráticas de caráter oligárquico travestidas em atos democráticos, são um risco para representantes das igrejas presbiterianas...

Haveria um sistema melhor, ou o problema é a disfunção do que fora concebido para dar certo? (Robert Merton).

Que Deus nos ajude e nos mostre como  cumprir fielmente o mandato que nos foi entregue...

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